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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

ROCKY, UM LUTADOR

por Julia Lopes


Sylvester Stallone ficou conhecido pelo mundo todo quando escreveu e estrelou “Rocky”, um filme cuja história retrata a vida de um lutador que aproveitou uma chance de ouro, superou as expectativas de todos e tornou-se um vencedor.
A história que daria origem ao filme começou no início da década de 70, quando tudo o que Sylvester Stallone tinha era uma quitinete 3x4 e U$100,00 no banco. Na época, o ator só fazia pontas em alguns longas, dentre os quais “Bananas” de Woddy Allen. Mas chegou até mesmo a estrelar o pornô “Party at Kitty and Stud's”, quando sua situação financeira estava em um ponto crítico (filme que, depois do tremendo sucesso “Rocky”, teve suas cenas mais fortes cortadas e foi relançado com o nome “The Italian Stallion”). Porém, em 1974, o ator teve a oportunidade de ajudar a escrever o roteiro de “The Lords of Flatbush”. Essa pequena experiência como roteirista, junto ao fato de ter assistido a uma emocionante luta entre Muhammad Ali e o desconhecido Chuck Wepner, levaram Sylvester a escrever o primeiro grande sucesso de sua carreira, “Rocky, Um Lutador”, roteiro que levou menos de três dias para ficar pronto.
Depois de escrever a história, Stallone foi apresentar a idéia do roteiro a diversos produtores. Muitos se interessaram, mas relutaram em aceitar Sylvester, pouco conhecido naquela época, para estrelar o filme. O ator chegou a receber a oferta de U$350.000,00 para vender o roteiro, mas não atuar. Mesmo com todas as dificuldades financeiras que estava enfrentando na época, Stallone recusou a oferta, pois, segundo ele, o personagem de Rocky Balboa tinha caráter autobiográfico.
Tanto insistiu que, finalmente, em 1976, Sylvester Stallone conseguiu o que queria. Ao lado dos produtores Robert Chatoff e Irwin Winkler, o filme foi rodado com U$1,1 milhões, dinheiro que a equipe conseguiu juntar com a hipoteca de suas casas. E, em 28 dias, o longa já estava pronto. “Rocky” foi um tremendo sucesso de público e crítica. Além de arrecadar 117,3 milhões de dólares só nos EUA, o filme foi indicado em 10 categorias do Oscar, tendo vencido os prêmios de melhor filme de 1976, melhor edição e melhor direção (John G. Avildsen).

O filme conta a história de Rocky Balboa (Sylvester Stallone), um lutador de bairro da Filadélfia que não tem grandes expectativas para sua vida e que, além de treinar na academia do bairro e lutar de vez em quando para ganhar algum dinheiro, trabalha como “cobrador” para um agiota. Rocky é um sujeito mal interpretado, pois, apesar da aparência rude que lhe dá um ar de encrenqueiro, possui um enorme coração. Rocky tem duas tartarugas de estimação, Zás e Trás, com as quais divide seus problemas e alegrias. Apaixonado pela balconista do pet shop do bairro, Adrian (Talia Shire), Rocky sempre vai à loja para conversar com a moça que, apesar de mal falar com ele, já que é muito tímida, também gosta de Rocky.
A vida de Balboa começa a mudar quando a luta entre o campeão mundial, Apollo Creed (Carl Weathers), e Mack Lee Green é cancelada porque este acaba quebrando a mão. Apollo desafia outros boxeadores de destaque para lutar com ele, mas todos recusam, com a justificativa de que 5 semanas de treino, tempo até a data marcada para a luta, é muito pouco para preparar-se. Creed, então, uniu o útil ao agradável e, na tentativa de melhorar sua imagem popular, desafia Balboa para uma luta de boxe valendo o título mundial de pesos pesados. Alegando que, assim como a América, “terra das oportunidades”, ele daria uma chance na vida a um desconhecido. O interessante é que Rocky não é escolhido por suas técnicas ou habilidades no ringue, mas sim pelo apelido utilizado nas lutas: O Garanhão Italiano. Nome que, segundo Apollo, a mídia iria adorar.
Encorajado, Rocky vê neste desafio a chance de mudar sua vida para sempre e provar ao mundo que não é só mais um vagabundo do bairro. A partir daí, Balboa começa a treinar e ficar cada vez mais forte (cena do filme marcada pela presença da música mundialmente conhecida “Gonna Fly Now”). Porém, ao contrário dos clichês, o lutador não acredita que irá vencer a luta, só espera fazer o que nenhum outro lutador fez contra Apollo Creed, agüentar os 15 rounds de luta. É nesta atmosfera - entre treinamentos, a luta para provar ser alguém e o seu romance com Adrian - que a história de Rocky Balboa se passa.

Aparentemente, tudo no filme foi perfeito, e não poderia ter sido melhor sem os atores incríveis que participaram. Sylvester Stallone, assim como seu personagem, Rocky, impressionou a todos com seu esplêndido desempenho, tanto como roteirista quanto como ator. Nas telas, conseguiu passar com perfeição as mais diversas emoções que seu personagem sentiu, tendo feito neste filme, talvez, a mais marcante atuação de sua carreira. Já Talia Shire conseguiu cativar todos através do jeito tímido e discreto de Adrian, personagem que, visivelmente, completava-se com Rocky (vide cena da patinação do gelo, onde Rocky diz que seu pai havia lhe falado para usar o corpo já que sua cabeça não era muito boa; e Adrian conta que sua mãe já havia dito para ela desenvolver o cérebro, pois seu corpo não ajudava). Assim como Paulie (Burt Young), irmão brigão de Adrian, provocava as mais variadas reações no público, através do caráter “duvidoso” de seu personagem, o que, de certa forma, acabou cativando todos. Tudo isso sem mencionar Mickey, vivido pelo ator Burgess Meredith, o treinador determinado e rabugento de Rocky. Todos estes são personagens de personalidade forte que ficaram marcados para sempre na história do cinema.
Além de ser premiado com 3 Oscars, o filme foi eleito diversas vezes nas premiações do Instituto Americano de Filme. Dentre as premiações estão: Rocky Balboa está entre os 10 melhores heróis do cinema de todos os tempos; o filme está na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos; “Rocky” está, também, na lista dos 100 melhores roteiros de todos os tempos.
Sem querer supervalorizar o filme, mas “Rocky” é, sem dúvida, um dos maiores filmes do século XX, com uma “moral” que, por mais antiga que seja, funciona tão bem hoje quanto funcionava na década de 70.
“Rocky” é mais do que a história de um pugilista que vence na vida, é praticamente o conto de uma Cinderela com luvas de boxe.





foto: Google

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Razões para ver um filme de quatro horas


Imagem: Rodrigo Ciampi e João Paulo Ferreira
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por Tuma

Ok, vá lá: o cineasta Alfred Hitchcock bem disse que a duração de um filme deveria levar em conta a necessidade fisiológica de ser humano de ir ao banheiro. O que é um comentário de muita... relevância.

Porém, não deixa de ser verdade que algumas histórias precisam de muito tempo para serem contadas. Ou alguém aí consegue imaginar os filmes da trilogia “O Senhor dos Anéis” com menos de suas três horas cada?

O problema, acho eu, é que nós todos perdemos um pouco a paciência para ouvir uma longa história, ainda nos ritmos que elas são contadas pelos outros. Não temos disposição, muitas vezes, de entender que o modo como uma história é contada depende integralmente de quem está contando: se como seus pensamentos se organizam, de como essa pessoa respira, de como ela fala.

O mesmo se aplica aos filmes. Uma característica marcante dos filmes atuais, ao menos os mais comerciais, é o fato de nenhuma cena ser muito longa. O período decorrido entre um corte e outro não passa de uns poucos segundos. Não se deixa, enfim, o espectador olhar por muito tempo para o que está acontecendo.

Os cortes rápidos podem sim ser bem usados, mas podem também servir para esconder as falhas de um filme. É só colocar um monte de cores, barulhos e efeitos especiais, tudo isso aparecendo num ritmo frenético na nossa cara, que ninguém percebe o quão ruim é a história, o roteiro, os atores...

Claro que filmes desse tipo são necessários. É muito bom ver um filme totalmente sem cérebro, de pura pancadaria ou besteirol. Cinema é, também, diversão, e não há problema nenhum nisso. Contudo, é necessário também variar, e ver filmes de outros tipos: Filmes lentos, reflexivos, calmos... o famoso filme “parado”, bem diferente de muitos dos que são feitos atualmente.

A questão não é, sempre, que os filme não tenham mesmo história, ou que não acontece nada. Mas estamos tão amortecidos pelos filmes ultrarápidos, ultracoloridos e ultrabarulhentos que qualquer filme mais lento, mais silencioso, ou em preto-e-branco (o terror de muitos adolescentes), mesmo que tenha uma história envolvente ou ação, acaba sendo tachado de “chato”.

Nessa categoria acabam se inserindo, injustamente, os filmes de quatro horas. Os chamados épicos, filmes em sua maioria feitos na Era de Ouro de Hollywood, são renegados por diversas razões. Uma delas histórica: os épicos de hoje são bem diferentes dos de ontem: motivos comerciais forçaram os filmes desse tipo a se tornarem menores, para possibilitar uma maior número diário de exibições, e portanto um maior lucro.

Outra razão é aquela que eu comentei acima: é meio difícil convencer qualquer um de que assistir a um filme de 50, 60 anos, com quatro horas, seja um programa divertido. Mas é, acreditem. Ainda é delicioso colocar filmes como “...E o Vento Levou” ou “Lawrence da Arábia” e ficar lá horas acompanhando os personagens em suas grandes sagas envolventes e emocionantes. Pode parecer difícil no começo, se acostumar com o ritmo, se acostumar com a idéia de que vai durar quatro horas... mas no final, repito, vale a pena, nem que seja necessário pausar para ir ao banheiro.