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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Anti-Humor [13]

Dr. Sigmund Freud (sim, ele já escutou a piadinha do Fraud), visto em seus aparentemente eternos 59 anos, que não achou graça nenhuma no texto que se segue (embora, subconscientemente tenha dado uns sorrisinhos). Logo após o retrato, ele fez questão de apresentar o artista ao seu aparente fascínio reprimido por pênis abaixo-da-média circuncisados (como demonstrado pelo charuto)
por Rodrigo Faustini/Subconsciente de Rodrigo Faustini

issoestáescritoEntrevista com Meu Subconsciente
Antes de tudo, consciente (toma essa!) das perguntas geradas apenas pela leitura do título desse texto, esclareço: consegui essa façanha seguindo a praxe todo o processo que leva pessoas normais a escutarem vozes em suas cabeças*, ou seja, me mudei para um poço cavernoso (a preços inconcebíveis, devo adicionar) levando nada senão um tabuleiro de xadrez, talheres de luxo, um pacote de camisinhas, um porta-retrato com a foto de uma pessoa que eu não conheço (severamente abusada durante a minha estadia; desculpe), um hímen aromatizante, um espelho com “Red Rum” escrito em batom e um desenho feito a crayon de uma mulher da antiga União Soviética nua (para diversão). Como esperado, não mais que 56 meses depois eu escutava a voz de meu subconsciente, sem incluir as minhas recém-descobertas habilidades nos campos do crescimento gradativo de unhas e no piscar voluntário de pálpebras.Sem mais delongas, segue-se a entrevista:

Eu: Bem-vindo. Você gostaria de uma bebida ou algum outro refresco em específico?

SC: Não. Mas acho que você quer.

Eu: Não, claro que não. Eu estava sendo apenas cordial. Eu nem gosto de líquidos. Meu interior funciona através de um complicado sistema de trocas de gases. Nada de refrescos pra mim. [risos]

SC: Ok, ok. O que eu saberia disso afinal?

Eu: [saio para pegar uma Coca da geladeira] [volto] Isso é um pouco desconfortável. Eu...eu...

SC: Você tem um problema em demonstrar seus desejos em público. Quero dizer, nós.

Eu: Wow, como você sabia disso?

SC: Eu sou o seu subconsciente, seu lesado. Você não fez nenhuma pesquisa para essa entrevista, fez?

Eu: Bem, em minha defesa, nesse caso conhecer sobre você seria alcançável apenas por 14 anos de terapia, níveis budísticos de paz interior e um nirvana nível sete, só alcançado até hoje por Hasundi Hjanad, e ele só conseguiu isso pois ele sofre de um outro complexo psicológico que o faz pensar que é um rato, o que leva seus pensamentos subconscientes variarem numa escala simples apenas baseada em queijo e compulsão por sujeira.

SC: Você não consegue se comprometer a nada, não é? Sem contar as suas desculpas ridículas.

Eu: Eu não fico criando desculpas ridículas. As pessoas que não me entendem, pois eu possuo uma imaginação fértil.

SC: Na verdade, seu medo de comprometimento vem de um caso específico na sua infância em que você prometeu ao seu colega do parquinho Frederico que você iria brincar na casa dele mais tarde naquele dia, mas ao invés disso você preferiu ficar no seu quintal tentando fisgar o Sol com a vara de pesca do seu pai, o que levou Frederico a cometer suicídio ao pular do topo do escorregador após ferir (gradativamente) seu pescoço com uma arminha d’água.

Eu: [chorando bravamente; envolto de reminiscências] É tudo verdade! Pobre Frederico! Mas eu realmente achei que eu iria conseguir pescar o Sol aquele dia! Eu até coloquei uma alma Asteca no anzol como isca! Nós teríamos o que comer por séculos.

SC: E todo esse seu fascínio infantil pelo Sol e a conseqüente captura desse para a alimentação vinha de sua vontade interna, ou seja, minha, e, portanto nossa, de provar ao seu pai que você era capaz de pescar assim como ele, possivelmente até um pouco melhor. O quê nos leva também ao fato de que você realmente exagerava nas proporções dos talentos manuais do seu pai.

Eu: Por quê você não me disse isso antes? Isso poderia ter acabado com o meu medo do Universo e eu poderia ser um astronauta agora, como eu sempre quis! Sem contar que eu não precisaria mais usar óculos, pois eu nunca teria passado horas encarando o Sol para ver se ele desistia! E aquele Asteca deve ter passado por um inferno celestial burocrático depois que eu roubei a alma dele usando viagem temporal, dois Nostradamus e aquela erva que faz gatos agirem estranho.

SC: Você não entende, seu bosta! Se você estivesse conscientemente querendo impressionar seu pai, ele o incentivaria a tentar uma carreira espacial, a qual você seguiria, pois iria querer impressioná-lo. Mas, por causa da propriedade reversiva das vontades subconscientes (que Freud totalmente esqueceu de analisar, por sinal) isso significaria que, internamente, você queria mesmo era pescar o Sol, o que, cortando um bom pedaço de história, acabaria com você mudando a rota de uma nave da NASA para colisão solar, pedindo a todos para se prepararem para “o churrasco do século” o que se provaria morbidamente irônico em 2 anos-luz.

Eu: [olhos sorrateiros] Então existe um jeito de capturar o Sol... [pausa enorme] Então, parece que você, ou melhor, eu, e, portanto, nós, sabemos muito mais do que eu sobre nós mesmos. Têm como você me apresentar ao meu inconsciente?

SC: Nem, ele tá dormindo. Mas bem que a sua Síndrome de Suplicância e o seu Complexo de Inferioridade estão aqui e desejam te dizer umas coisas...

Síndrome de Suplicância
: Desculpa por tudo, cara. Não foi por querer, falando sério. Eu...eu...O que eu posso fazer pra te recompensar? Eu posso tentar convencer a sua Libido de parar de ter um relacionamento com o seu Ego, cara, eu posso sim. Eu juro. Só não me ponha na rua. Eu não poderia encarar ter que me desculpar pros meus filhos, pois eu perdi o meu trabalho e ter que me sentir compelido a recompensá-los de forma gratificante por isso cara. Eu faço qualquer coisa. Desculpa. Não fique arrependido...

Complexo de Inferioridade: Eu nem sei por quê você me escuta. Eu não sou nada, sem zoeira. Eu sou, tipo, uma fração de uma fração da sua mente. E nós nem somos tão espertos assim, admite. Acho que até a sua Auto-estima é mais importante que eu. Mas bem que ela é uma mentirosa compulsiva. Eu nunca ia conseguir namorar ela. Eu até poderia cortar o cabelo e escovar os dentes sabe, mas qual o propósito? Ela só se interessa em tipos esnobes que nem o seu Sarcasmo, Sociabilidade e Gentileza mesmo.

[A entrevista parou aqui, pois o meu senso de Ironia começou a passar mal. De qualquer forma, eu não irei mais tentar conversar com o meu Subconsciente, pois, aparentemente, ele é um babaca arrogante, e danem-se as implicações psicológicas e filosóficas dessa afirmação.]

*havia um considerável risco envolvido nisso, mas o pior que poderia acontecer seria de eu abar por virar um profeta, o que se demonstraria uma melhoria moral significativa, se consideradas minhas intenções originais, embora tal profissão apresente um alto índice de acidentes no trabalho e eu não tenha qualquer conhecimento sobre a política de Deus quanto ao pagamento de indenizações. Ele não inclui muito disso em seu livro.

Um comentário:

tati fadel disse...

ah, rodrigo,
você me abre sorrisos nas horas mais tenebrosas.