
Foto: Bruna Pimenta
por Tuma
Ernest, que passava pela sala, correu para ajudar Ferdinando a se levantar. Percebeu, porém, que o homem havia desmaiado. Deu alguns tapinhas em seu rosto e ele logo acordou. Ernest perguntou se estava bem, e Ferdinando respondeu que sim. Sim, ele estava muito bem. O mordomo foi buscar água e quando voltava com a jarra e um copo Nino apareceu e perguntou o que acontecera.
Ao ouvir a resposta, ficou um pouco transtornado - Eu não deveria ter deixado ele sozinho, é minha culpa - e perguntou a Ferdinando se ele estava realmente bem agora. Ferdinando confirmou que fora só uma tontura e que se sentia perfeitamente bem, mas dentro de si ele sabia que aquilo não era verdade.
Tomou uma refeição muito leve logo depois, e um banho rápido e econômico. Então, despediu-se de Ernest e de Nino e foi para o quarto que seu anfitrião – Nino preferia que o tratasse por irmão – arranjara para ele.
Já na cama, Ferdinando ficou se revirando, tentando entender o que acontecera na praça. Kaspar Hauser o irritara, isso é certo, mas ele não compreendia como pudera quase estrangulá-lo. Sentia-se como se alguma força exterior a ele houvesse adquirido o controle naquele momento, mas acabou rindo-se dessa idéia amalucada e logo adormeceu.
Após um longo tempo de sono que não soube precisar, Ferdinando acordou num pulo. Sentou-se na cama, acendeu o abajur, e assustou-se ao perceber que havia um homem sentado no canto de seu quarto. Numa fração de segundo, sua aparência – tapa-olho no esquerdo terno marrom surrado gravata semi-calvície rosto nas sombras – foi assimilada pela mente de Ferdinando, antes que este fizesse a clássica pergunta
- Quem é você?
...E o outro, curvando o corpo para dentro do alcance da luz respondesse:
- Eu sou um homem do seu passado, eu preciso falar com você.
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Um comentário:
Uaaaaau!
Bem quando achei que Ferdinando estava perdendo a identidade...
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