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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Através do espelho obscuro, capítulo 50


Foto: Guilherme Carnaúba

por Tuma

Não contou à mulher o motivo de sua viagem. Nunca comentara com ninguém sobre os encontros que tivera com Tito, pois acreditava que, desse modo, poderia fingir que o outro não existia, e assim preservar sua cabeça de lembrar o tempo todo o Chefe.

Voltou cedo para casa. Queria passar bastante tempo com sua mulher e sua filha. Pegou Sabine na escolinha e foi direto para casa, onde Miranda os esperava. Fizeram juntos a janta, comeram, e depois ficaram na sala conversando e vendo um pouco de tevê.

Ferdinando sentia que nunca havia amado ninguém tanto assim. Claro, depois de perder a memória, além das duas só amara Nino, mas aquele era um amor tardio, um amor de ausência. Ele não sabia se a perda da memória apagava também os ecos da paixão, mas em qualquer um dos casos Ferdinando era tomado pela certeza de que nunca, mesmo em sua vida de antes, aquela que não lembrava, fora cativado tanto, e amara tanto, como amava sua esposa e sua filha.

O próprio ato de amar ele aprendera com elas. Primeiro, com Miranda, que ao entrar no mercadinho despertou em Ferdinando um sentimento que ele não soube reconhecer a princípio. Os cabelos castanhos, claros, a claridade da cor dos olhos, o brilho da pele, o recorte do sorriso: tudo era luz em Miranda.

Sabine, também, era objeto de um amor indescritível. Sempre tão alegre, sempre tão doce. Seus dedos, sua mãos, seus braços: Ferdinando perdia-se em tardes sem ação a admirar a suavidade dos traços de sua filha, e nas tardes movimentadas era hipnotizado pela suavidade de suas ações.

Naquela noite, ficaram ali, juntinhos, os três se abraçando e deixando correr entre eles um amor imenso, deixando que o calor de seus corações os leva-se lentamente ao sono em meio à noite fria.
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Um comentário:

João G. Viana/Pudim disse...

Como os outros (tirando aquele de 3 linhas, ainda não me conformei), capítulo magnífico!