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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Através do espelho obscuro, capítulo 36


Foto: Bruna Pimenta

por Tuma

A morte do mais ilustre morador de rua de Miranda atraiu muitas atenções para a até então pacata praça Alonso Nápoles. Seu corpo foi descoberto boiando na fonte por um encanador caolho que acabara de sair da mansão Nápoles e logo uma multidão já se reunia para apreciar o espetáculo de sangue.

A polícia chegou não muito tempo depois, retirou o corpo e dispersou os curiosos. Que motivos teriam para matar o pobre Hauser?, pensavam todos. Muitos se lembravam dos desvarios ocasionais do mendigo, mas concordavam igualmente que ele não chegava à loucura, era só um pouco tolinho. O suicídio logo foi logo descartado.

Bingo Fellwin e Vladimir Spassky, os inspetores responsáveis pelo caso, passaram algumas semanas investigando o assassinato. De início interrogaram os moradores da praça e seus principais freqüentadores. Antonio Nápoles, o órfão, seu mordomo Ernest Schrödinger e o último desmemoriado a chegar à cidade, conhecido como Ferdinando, além dos habituais casais que por ali passeavam e outras famílias de respeito habitantes de outras moradias.

Todos afirmaram não saber de nada. A maioria estava dormindo ou sequer pensava em passar pela praça tão cedo, quando a névoa ainda a dominava. Antonio Nápoles dormia no horário, Ernest Schrödinger se encontrava ocupado com o encanador no intervalo de meia-hora em que, os legistas supunham, Kaspar Hauser morrera, e Ferdinando Sem-memória acordara cedo para escutar um pouco de música.

Alguns moradores de rua de outros setores da cidade também foram entrevistados. Alvin Quatro-Dedos afirmou que não via Kaspar Hauser há um mês, Mordred o Mudo fez gestos de que não sabia de nada enquanto tirava piolhos de sua barba enorme, e Taro o Oriental balbuciou algumas palavras misteriosas que ninguém pôde compreender.

No fim, ficou-se sem saber quem matara o pobre-diabo, e o caso foi esquecido. Só alguns se lembravam de que no passado um mendigo sem memória e seu gato silencioso haviam morado ali na fonte da praça Alonso Nápoles, dançando sob a chuva e prevendo o fim do mundo.

Um comentário:

João G. Viana/Pudim disse...

Hm...
Essa história ainda vai complicar...
Demais, Tuma! Capítulo muito curioso...