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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Última Vela


por João Pedro Paro

Naquela noite tudo se apagou. Nenhuma luz, nenhum movimento, a única cara visível era a do escuro. Ninguém sabia se havia uma vela disponível. E foi aí que o imprevisto aconteceu... Ele estava deitado no chão. Não tinha ninguém, todos haviam o abandonado. Seus pais? Mortos, seus tios? Mortos. A única pessoa que lhe restara era sua avó materna, mas ela havia decidido encontrar o resto da família mais cedo naquele dia. O escuro o cobria e ele decidiu levantar. Ao tentar acender a luz percebeu que essa também o havia abandonado. Notou que ainda usava o terno do enterro e começou a chorar novamente. “Por quê?” Ele se perguntava.

Lembrou-se de sua avó que acendia uma vela toda noite antes de dormir. Será que ela havia tido tempo de fazer isso antes de partir? Ele andou tateando as paredes até chegar ao quarto. Olhou através da porta e viu, em cima de uma velha cômoda, a última vela, a última chama disponível naquela casa. Pegou a vela e voltou à sala. Posicionou a pequena vela na mesinha de centro e largou-se no sofá. Começou a observar as fotos iluminadas pela pequena chama. E viu a foto, aquela foto, a foto do dia em que sua solidão começou.

Era a noite de sua formatura e toda sua família estava reunida para comemorar, haviam decidido alugar uma van para que não tivessem que se preocupar com a embriaguez de um dos motoristas, e foi por causa dessa van na volta da formatura que ele estava só. Era uma noite escura e quase todos, dentro e fora do carro, dormiam, porém outra pessoa que não deveria dormir caiu nos braços de Hipnos: o motorista. A van rolou ribanceira abaixo e ao acordar ele se lembrava de um misto de metal, corpos e fogo. No hospital foi amparado por sua avó, os dois eram os únicos sobreviventes de toda a família.

Pegou a foto nas mãos e passou-a sobre as chamas, assistiu-a queimar. Colocou a foto ainda em chamas no cinzeiro da mesa e, com a vela em mãos, foi até o parapeito da janela. Admirou a escuridão que envolvia a cidade, nenhuma luz, nenhum movimento; observou as nuvens no céu, eram as únicas que ainda sorriam para ele. Viu as formas de seus pais nas nuvens, queria tocá-los, abraçá-los, nem que fosse pela última vez; ao lado deles viu sua avó, apesar de tão pouco tempo já sentia a falta dela. Abaixou-se ao lado da janela e pôs-se a chorar novamente e, antes que percebesse, havia adormecido. Acordou pouco depois, a vela caída incendiara o tapete que, por sua vez, incendiara todo o resto do apartamento. Olhou para as chamas, viu seus parentes no meio delas, dançando, cantando, se divertindo, adentrou no fogo e deixou que este o envolvesse. Depois de algum tempo tudo se apagou. Nenhuma luz, nenhum movimento, a única cara visível era a do escuro.

fotos: Google

5 comentários:

João G. Viana/Pudim disse...

Bravo! Bravo!
Muito bom, gostei mesmo.
(Aplausos)

Nantes disse...

Ae Jão, não sabia que você tinha esse dote para histórias... ficou muito bom, parabéns :)

Érico

Anônimo disse...

Palmas

Unknown disse...

mando muuito Joao
Fofis

Anônimo disse...

parabens joniii mando bem
sabes que te admiro
beijo