Foto: Guilherme Carnaúba
por Tuma
Ernest Schrödinger morreu dormindo. Na terceira noite após a morte de Kaspar Hauser, ele subiu para seu quarto, deitou-se em sua cama e, após algumas horas de sono, morreu de velhice. Embora continuasse forte e esclarecido, o mordomo da família Nápoles já tinha mais de oitenta anos, e, se todos receberam muito tristes a notícia de sua morte, o fizeram sem nenhuma surpresa.
A faxineira chegou à casa pela manhã e, não encontrando o velho mordomo, foi até seu quarto chamá-lo. Como ele não respondesse, abriu a porta e deparou-se com o corpo serenamente estendido, frio e rígido, sobre a cama. Como é de praxe em situações do tipo, ela saiu gritando transtornada pela casa, e avisou a outros dos funcionários da família o que acontecera.
Já após o almoço, teve lugar o velório, que contou com a presença maciça dos mais ilustres moradores de Miranda. Todos vinham homenagear o mordomo, que desde que começara a trabalhar para os Nápoles, três gerações atrás, fora respeitado e admirado por sua inteligência e prontidão, sempre solícito e agradável, embora mantivesse sem cessar a expressão séria de que todos se lembravam bem.
Antonio, o órfão herdeiro, precisou tomar um calmante, e não pôde receber os que chegavam. Ferdinando, então, fez as vezes de anfitrião. Embora também aparentasse estar muito confuso e transtornado, recebeu a todos com palavras simples e breves.
Nesse dia, Ferdinando conheceu muitas das pessoas importantes da cidade. O chefe da polícia, Álvaro Tomasini, veio acompanhado dos inspetores Fellwin e Spassky. Oliver Andronato, dono do teatro, também compareceu. Tito Heisenberg, o magnata, apareceu com alguns de seus funcionários pouco antes da procissão até o cemitério. Ferdinando não prestou muita atenção nele, mas alguns dos presentes poderiam jurar que o velho “chefe da cidade” não tirou os olhos do novo desmemoriado nem por um segundo.
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Um comentário:
OMG...o que o Heisenberg quer agora?
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