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por Stefano Manzolli.
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UMA SENSAÇÃO AGUDA E INCOERENTE.
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Sinto um vazio, mas não chega a ser dor, sacrilégio ou desespero... é apenas uma sensação. Dessas que chegam num piscar de olhos e demoram muito tempo para ir embora. Na verdade, sinto-me vazio e, para isso, sei apenas um infalível remédio: sentar, ler um bom livro, cruzar os braços, refletir bastante, deixar que a vida passe ligeiramente e esperar, esperar, esperar.
Sinto um vazio, mas não chega a ser dor, sacrilégio ou desespero... é apenas uma sensação. Dessas que chegam num piscar de olhos e demoram muito tempo para ir embora. Na verdade, sinto-me vazio e, para isso, sei apenas um infalível remédio: sentar, ler um bom livro, cruzar os braços, refletir bastante, deixar que a vida passe ligeiramente e esperar, esperar, esperar.
Antes das teorias e diversas falsas-lógicas, insisto: a única causa para esse tipo de sentimento é a falta. Uma falta sublime, cheia de eco, totalmente oca, à deriva do tempo. Uma falta digna ser nomeada assim. E por ser tão aguda e incoerente, sussurra pelo vento a pior das perguntas: falta de que?
Se ontem mesmo, a vida era tão bonita e deliciável; o tempo passava arrastado e o pensamento ficava lá longe, junto de um corpo amado. Se ontem mesmo, tudo estava tão bom e eu não precisava de nada mais, como posso sentir, agora, falta de alguma coisa? Hum... talvez, não sei, o motivo seja exatamente o contrário: esse vazio só ocorre por eu não sentir falta.
Se tudo está bem, não há muito o que falar, as queixas perdem a graça e os papos ficam relativamente chatos. Quando tudo vai de vento em popa; quando nos abrigamos no reino da perfeição, não resta nada a almejar e o tédio pode ser um grande aliado. A felicidade não é muito compartilhável e nem tão poética como a dor.
(A dor de amar, de perder, de existir).
É pela dor que construímos a verdadeira alegria - castelo de porcelana belo e frágil. Vivemos para fugir do sofrimento, sendo feliz como criança de galocha pisando em poça de água suja; e para desobstruir a alma dos sentimentos ruins.
Sabe, em dias como esse, quando o vazio torna-se meu conteúdo, entendo que estou feliz... e basta.
3 comentários:
arrasou,como tenho dito.
traduz o que sinto nas melhores palavras
bjs. ;*
Stefano Manzolli, sagaz como sempre. Meu autor favorito deste excelente blog :)
Érico, Anglo Americana
Obrigado, Érico!
É uma honra saber que você gosta dos meus textos. :)
Grande abraço,
S. Manzolli.
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