Foto: Bruna Pimenta

“Vamos, benzinho, acabe com eles!” Noah Davis conversava com a lâmina de vidro, apoiado sobre o microscópio. “Leo, coloque no telão.” O assistente ativou a iluminação do microscópio digital, ligou a câmera e estendeu o painel branco apressadamente. Os dois estudantes examinavam emocionados o temível e minúsculo organismo se estrebuchando, colérico, temeroso por sua sobrevivência. E o princípio misterioso despedaçava sua membrana, proteína por proteína, triunfando na batalha ínfima e colossal.
“Conseguimos! Veja só, o HIV está morto! Obrigado, Leo, só você acreditou em mim!” O promissor farmacêutico abraçava energicamente o colega de quarto. “Parabéns, Davis”, ele respondeu, um pouco desconcertado.
“Obrigado, mas ainda falta um último teste. Já testamos em ratos, em macacos, em sangue humano, mas ainda não aplicamos a vacina no seu destino efetivo”, observou, com olhar convidativo. “Você se dispõe?”
“O que pode dar errado?”, compreendeu, com um sorriso ansioso. Talvez fosse sua última chance de ser curado – a doença é imprevisível. De fato, Leo sabia que não tinha nada a perder. Por isso, foi com ânimo que compareceu ao Laboratório Central da faculdade para injetar em si mesmo o específico salvador. E foi com ânimo que esperou uma semana pelos resultados da vacina. Com ânimo fez os exames finais.
E com um ânimo muito singular, e o rosto irrigado de lágrimas, e agradecimentos inefáveis a Noah Davis, e uma determinação inexorável, esfregou o resultado negativo na cara de seus professores.
2 comentários:
Hmm, parece que nesse vc voltou um pouco no tempo... continua ótimo cara, continue!
hahahaha
Muito bom!
Postar um comentário