
.por Tuma
Chovia como se o mundo estivesse prestes a acabar. Ao longe, ouvia-se o sibilar de um carro, o rugir de um motor trabalhando a muitos quilômetros por hora. Vindo pela auto-estrada deserta, uma caminhonete passou zumbindo. O motorista, João, a dirigia como se nada mais importasse. As lágrimas que escorriam de seus olhos se confundiam com a chuva. As veias de sua mão pareciam prestes a explodir, tão forte ele apertava o volante. O vento, entrando pela janela aberta, fustigava seu rosto.
Quando achou o conhecido desvio entre as árvores, virou o volante rapidamente, e entrou com violência pelo portão da casa do pai. Parou o carro de qualquer maneira, abriu a porta, e saiu correndo na chuva até o toldo que protegia a entrada. Antes mesmo de abrir a porta, já gritava pelo pai. “PAI! PAI!”. Na sala de estar, uma vitrola tocava o disco “Through a Glass, Darkly”, do The Sandmen, com o volume no máximo. Desesperado, João começou a correr pelos aposentos da casa, procurando alguém, alguma alma viva, tangível, mas não encontrou. Sequer os empregados estavam em seus aposentos.
Correu por toda a propriedade, mas ninguém deu-lhe o deleite de estar por ali. Esgotado, ele desceu as escadas (estivera no quarto de seu pai, e lá também não havia ninguém) e vagarosamente caminhou (sua perna doía) até o sofá (que estofo macio!). E então, sem pensar na chuva que já escorria pela porta escancarada, ou no telefone que repousava a seu lado, ou no carro que permanecera aberto, ou nas lágrimas que grudavam em seu rosto, ou mesmo na música que tocava alta, adormeceu.
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Um comentário:
='(
O que aconteceu com o pai dele???
aguardando ansiosamente.
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