Foto: Guilherme Carnaúba
por Tuma
O campo de papoulas se estendia até onde alcançasse a visão. Emanava uma névoa frágil daquele vasto mar vermelho, um cheiro doce, suave, sutil, como... como... sangue. Sim, o homem sério, de aspecto patriarcal, permitindo-se somente alguns risos quando a menina (sua filha?) se empinava em seus ombros. Com os braços apoiados um no outro, uma mulher, de ar melancólico, os seguia a uma certa distância, caminhando lentamente pela plantação.
Já ele, o menino, o jovem rapaz de cabelos negros, ele só conseguia acompanhá-los de longe. Tentava gritar, chamá-los, mas a voz não passava de sua garganta. As palavras ficavam presas, e ele se via forçado a engoli-las, e sentia seu gosto amargo. Por mais que tentasse correr, as pernas lhe falhavam, e as três pessoas continuavam sempre distantes.
Súbito, antes que pudesse esboçar uma reação, viu a mulher caindo em meios às flores. Tentou avisar os outros dois, mas, novamente, sua voz ficou presa. O homem com a menina nos ombros seguia em frente, e a garota fazia festa em seus cabelos, e assim continuaram. O menino alcançou o lugar onde a mulher tinha caído, mas não havia nada ali, somente pétalas de papoula, e caules de papoula, e folhas.
Continuou correndo, na direção para onde o homem e a menina haviam ido, mas após dobrar uma colina, encontrou o mar. As ondas rebentavam e jogavam sua água sobre ele. A névoa, cobrindo a costa, se abria aos poucos, e revelou uma ilha, que parecia se aproximar da praia, e invadi-la, e continuar em direção a ele, até que...
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