INFORMATIVOS:

1) Agora dá para ler as postagens do blog por Categoria. Basta clicar no tema do seu interesse no menu ao lado e gastar horas lendo bons textos. Caso queira, em Home poderá ler todos os posts sem nenhuma interrupção.

2) Os comentários estão liberados, agora! Caso você não tenha uma conta Google, comente na opção Anônimo, mas não se esqueça de assinar.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Através do espelho obscuro, capítulo 2

Foto: Bruna Pimenta

por Tuma

Quando acordou, no dia seguinte, João imediatamente começou a pensar em tudo que não pensara, ao adormecer, na noite anterior. A primeira coisa que chamou sua atenção, ainda turva pelo sono, foi o som da música. Adorara The Sandmen desde a infância, mas não era obrigado a ouvir aquilo logo após acordar. Foi até a vitrola e a desligou, interrompendo o ciclo interminável de começar-e-acabar-disco que devia estar girando há muitas horas. Depois, foi até a porta, e fechou-a sem estrondo.

A poça de água que rodeava seus pés chamou sua atenção. Lembrava-lhe algo vagamente... Então, como se uma corrente elétrica tivesse passado por ela, ele despertou imediatamente, e começou a olhar ao seu redor. Num átimo, tudo que acontecera no dia anterior voltava a sua mente, e ele começava a se desesperar outra vez. Fez uma ronda pela casa, mas de novo não encontrou ninguém. Dessa vez, porém, lembrou-se do telefone, e correu a tentar ligar para o seu pai. Tentou o trabalho, o celular, mesmo o celular de sua irmã. Nenhum deles atendeu. Por alguns instantes, ficou forçando a memória, procurando se lembrar de mais alguém com quem seus familiares pudessem estar, mas foi inútil.

Desolado, deixou o telefone escorregar de suas mãos e foi até o banheiro. Lavou o rosto, e passou seus dedos em todos os contornos da face de maneira lenta e profunda. Depois, levantou o rosto e mirou-se no espelho. A meia-luz dominava o lavabo, e o espelho velho estava embaçado. Pôde ver claramente, porém, seus olhos, enfiados nos buracos profundos em que suas órbitas se haviam tornado. Sem olhar uma segunda vez, saiu do lavabo, da sala, e da casa. A porta do carro continuava aberta, todo o interior estava encharcado. Não se dando nem mesmo o direito de pensar nisso, João pôs a chave na ignição, ligou o carro, e voltou para a estrada.
.

Um comentário:

João G. Viana/Pudim disse...

Boa, Tuma!
Esperando novos capítulos...