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sábado, 25 de outubro de 2008

O Palácio Vitral: IV - Então era isso?

por Pudim

Foto: Bruna Pimenta

Ainda um pouco vacilante, Eduardo não foi um dos primeiros a atravessar o Pórtico Jacarandá, na extremidade esquerda do hall de entrada do Bosque. Nos batentes, os deslumbrantes desenhos que deram nome ao portal reprimiram um pouco da precipitação com que estava disposto a resolver os desafios inicialmente. Todo aquele cenário suntuoso tornava a competição ainda mais séria e a vitória ainda mais decisiva.
Começara a travessia do corredor.
Percorria lenta e nervosamente cada peça do piso com os pés e cada verso da parede com os olhos. Alguns poemas já conhecia, de outros sequer ouvira falar no autor. Apesar da impaciência, não deixava escapar um acento de seu aguçado senso de correção gramatical.
“Até que é fácil, não?” Eduardo acreditava ter captado algum tom de sarcasmo na tentativa da garota de puxar assunto. Não conseguiu, entretanto, prestar muita atenção. Resmungou algo em resposta e continuou.
A menina não saía do seu lado. Parecia ter algo a dizer, mas simplesmente vasculhava os versos logo atrás de Eduardo, como se procurasse o erro que ele deixou passar. O jovem queria dizer alguma coisa que afastasse a garota sem ser muito ofensivo. Não conseguia achar as palavras. Um silêncio incômodo da conversa em suspenso no ar. Felizmente, uma vírgula perdida entre o sujeito e o verbo o salvou.
“Fácil é pouco.”
Eduardo acelerou a marcha. Por sorte, descobrira tão cedo o que aquele corredor tinha a esconder. Com a certeza de que chegaria antes dos outros, resolveu diminuir a corrida. Valia mais a pena dar algum tempo para admirar as palavras tão graciosamente dispostas no mural revelado por enfraquecidas luminárias.
Foi então que algo o despertou de sua leitura. Um berro fantasmagórico em algum corredor à direita deslanchou olhares e comentários assustados em todas as direções. O garoto apertou o passo e, finalmente, começou a correr. Invadiu impetuosamente o Pavilhão dos Ipês ainda a tempo de quase se chocar com Renato.

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