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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

No ontem, a base do hoje que tornar-se-á amanhã

por Rodrigo Frizzi


Ainda ontem, nós todos, éramos crianças. Já amanhã, nós todos, seremos adultos. E o que somos nós, no hoje? O alvo de uma economia emergente, carente e decadente. O alvo de pais nostálgicos, com olhos mareados pelos dias que já vivemos, e com os mesmos olhos mareados pela preocupação do amanhã, pelos dias que hão de vir. Mas e nós, os adolescentes, o que somos para nós mesmos? Como é a existência de seres tão importantes para os outros, mas tão sem sentido em nosso âmago?

“Compre, beba, use, veja, leia, vote, não se esqueça”. Gritos, hinos, pedidos, promessas. A faculdade, a profissão, a família, os amigos, a viagem, as férias, a festa, o peso da responsabilidade. Não nos vêem como crianças, nos cobram como adultos, mas, e nós, o que somos realmente?

Uma massa movida por desejos amargurados, muitas vezes libertos, mas que são constantemente julgados. Uma massa que se move como o faz um enxame: em volume. Várias tribos, várias crenças, mas na mente, a única certeza: há de se viver o hoje.

Quantas vezes lemos em camisetas os célebres dizeres de “carpe diem”, e quantos jovens vemos realmente o fazendo. Desmedidos, sem arrependimento, matam-se aos muitos por viverem os desejos mais primatas.

Em todas as classes, em todas as cidades, em todos os países, as notícias não param. Jovens assassinados à troco de dívidas irrisórias, que deveriam ser pagas com um aperto de mãos. Meninas que se vendem pelo consumo. Universitárias que se deixam explorar em troca de dinheiro abundante.

Em contrapartida, quantas histórias de sucesso. De jovens também carentes, de meninas também universitárias, que apostaram suas fichas num sonho, e o fizeram real. Acreditaram em si, quando a sociedade os taxava apenas de adolescentes. Começaram cedo, acordavam cedo, trabalhavam muito, estudavam mais. Centenas de jovens calados pelas mesmas notícias ruins dos noticiários.

A hora é agora! O amanhã... já chegou! O ontem? Já foi. O hoje: foi ontem e já é amanhã.

Dentro de cada adolescente moram os sonhos dos louros de uma vida tranqüila. Dentro de cada adolescente, indiferente seja sua condição, habita desejos nunca antes revelados por jornal, revista, propaganda, produto ou comercial: o desejo de ser ele mesmo, livre, sem amarras, sem censura. O desejo de ser apenas adolescente. E esses desejo jamais será expresso porque quem o desenha hoje já é adulto, e quem o sonha, ainda é adolescente, e o adolescente ainda não consegue expressar que no final de tudo, o que ele quer, é permanecer assim, parado no tempo, e curtir sua adolescência... até o amanhã, quando ele já será adulto. E o pensamento retoma ao princípio.


Foto por Bruna Pimenta

Um comentário:

João G. Viana/Pudim disse...

Interessante, adoro textos sobre reflexões existenciais