por Pudim
Foto: Guilherme Carnaúba
A primeira impressão do corredor foi frustrante. Nunca vou achar nada aqui. As muralhas repletas de quadros e adereços diversos, alternados com os poemas a que viera, erguiam-se até a abóbada vítrea alguns metros acima de sua mente embaraçada. Tudo dava a impressão de uma tarefa complicada e trabalhosa.
Começou uma procura tímida pela parede esquerda. Simbolismo e modernismo complicavam ainda mais as coisas. Algo parecia piscar chamando por Anderson umas duas estrofes à direita.
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Enfim, um incentivo. Entre inversões sintáticas, neologismos e ptyxes, o jogador encontrou uma palavra esquecida sem seu acento. Com certeza, não estava assim no original.
Aliviado, pôde continuar o caminho tranqüilamente, passando entre dois muros de alunos examinando os lugares errados. Parou em frente à verga arqueada que anunciava o ponto de encontro com os companheiros. Havia algo errado ali. Os olhos passearam pelos umbrais, subiram, encontraram. “Pavilhão dos Ipes”? Era um erro do artesão ou estava ali propositalmente?
Passou mais tempo do que esperava fitando intrigado a inscrição, e a figura postada ali já estava chamativa. Precisava dissimular de alguma forma. A garota desesperada dois corredores à esquerda cuidou disso.
Anderson fez o que podia para se disfarçar entre os comentários assustados, curiosos e zombeteiros. Pouco a pouco, aproximou-se do Pavilhão e deixou de lado as preocupações para achar os amigos entre a multidão. Encontrou-os conversando com uma garota desconhecida, trazida pela mão por Daniel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário