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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Anti-Humor [4]

por Rodrigo Faustini

Johnny "5 dedos" Pecker

Um homem que necessita de pequena introdução, Johnny foi um dos maiores contribuintes para a música contemporânea, inventando cerca de 15 estilos, embora nem todos bem sucedidos, e lançando praticamente todos os álbuns do mundo desde 1955, direta ou indiretamente, mas principalmente de forma indireta.


Dotado de uma infância difícil, ele passou por todos os orfanatos de sua cidade natal, New Beverorleans Hills, até ser banido por possuir dois pares de pais, e ficar se achando para os outros órfãos. Pouco se sabe sobre sua adolescência, embora muito possa ser pressuposto pela sua ficha criminal entre seus 12 e 16 anos: 1 detenção por assalto de cavalo, 1 detenção por assalto à cavalo, 2 detenções por roubo de mão armada, 2 detenções por roubo de uma mão armada, 3 por assédio sexual, 2 por roubos sexuais, 1 por fraude de uma fraude (liberado pela Lei da Dupla Negativa), 2 por assalto de cavalo sexual, 1 vez por doação de dinheiro (foi bem suspeito) e 2 vezes por “posse”.


Mas tudo isso era o de menos comparado com o bem e a integração social que ele gerou ao acidentalmente inventar o Blues Rock, em 1946, quando ele vendeu uma guitarra para um tocador de banjo cego. Como forma de agradecê-lo, o músico ensinou-o toda a sua arte, antes de morrer duas semanas depois de cegueira. Dotado da guitarra de seu mestre, e uma já presente anarquia em seu coração, Johnny “5 dedos” Pecker, saiu pela América e seguiu para grande sucesso.


Muito poderia ser dito sobre a vida e as aventuras de “5 dedos”, mas todas são histórias manjadas como: as vezes que ele substituiu Paul McCartney nos vocais (é Johnny quem você escuta em Let It Be), a vez em que ele brigou de punhos livres com JFK por Marylin Monroe, a vez em que ele brigou com um mendigo por uma vagabunda (nem todos foram anos de ouro), seu flerte com a Heroína, seu conseqüente relacionamento com o crack e seu casamento com Peyote, o cogumelo psicodélico (tudo acabou quando ele descobriu o que eles faziam com Hendrix), quando acabou dando um show numa Marcenaria após interpretar mal um convite para Woodstock, entre outras. E por isso nos concentraremos no que ele adicionou à música:


I- Ambientalismo: Esse estilo, inventado por Johnny, consistia em gravar os “sons do silêncio” em diferentes ambientes naturais e em outros públicos, para que a música fosse criada pelas sensações e não pelos sons. Foi uma boa idéia muito aguardada pelos críticos, que ficaram desapontados com o resultado, pois Johnny, um conhecido agorafóbico, não saiu de casa para as gravações, sendo que as únicas diferenças eram notadas quando ele estava roncando ou não por trás das faixas.


II- Marketing: Johnny conceituou a idolatração da música, transformando cada oportunidade em lucro. Após a morte triste de seu filho (ele sofreu uma overdose proposital em cima de todos os discos do pai, num gesto que nunca foi capaz de ser compreendido), “5 dedos” resolveu transformar o funeral da noite seguinte numa ode ao garoto, organizando um show durante a cerimônia. Com apenas 5 horas de venda de ingresso, o local ficou lotado, e uma estátua de Jesus até teve de ser movida para fora por um tempo para dar espaço a todos (“ele iria gostar que fosse assim, afinal”, disseram os organizadores). A morte de seu filho aparentemente chocou em grande escala o músico, pois, contidas espalhadas nos seus subseqüentes 30 cd’s, duas faixas foram compostas em homenagem ao garoto, as instrumentais “Honk if you want Boobs” e “ You’re Dead”, que acabaram por ser as músicas menos tocadas de seus respectivos álbuns.


III - Texto com música: Enquanto lia um trecho de “O grande Gatsby” em voz alta para seu mestre cego, Johnny ligou o rádio enquanto um pouco de Jazz tocava e percebeu como as duas coisas combinavam harmonicamente, sendo que assim surgiu a idéia de tocar-se música com o som de um texto sendo lido ao mesmo tempo, o que, posteriormente, foi descoberto como já preexistente pelo nome “música” ou “song”, mas que acabou sendo creditada por Johnny de qualquer forma, pois ele era o único que via aquilo como inovação.


IV- Música Medicinal: Em outra de suas várias tentativas de ressucitar Andy “Blue” Velvet, seu mentor, Johnny passou anos procurando por um som que pudesse, como ele mesmo descreveu, “fazer o contrário de matar”. Sua busca, nesse requisito, foi em vão, mas, em 1964, Pecker atingiu um som que vibrava em tal freqüência que causava a ruptura da camada protéica do Orthopoxvirus, ao mesmo tempo que não afetava as células do indivíduo, com apenas um terremoto em escala localizado como efeito colateral. O som foi obtido ao literalmente marretar-se um piano enquanto uma tuba, um par de bôngos e um saxofone eram forçados a assistir. Mesmo assim, até 1970, a varíola continuou a atacar, até que uma vacina foi desenvolvida, erradicando a doença e deixando Johnny e sua música na escuridão além de envergonhá-lo, pois pessoas preferiam que um líquido gelado fosse-lhes introduzido por um orifício forçado até as veias via um tubo metálico à escutarem sua cura.


Um ensaio sobre o Daltonismo


A rua, como sempre, estava lotada de carros, quase todos pratas pretos vermelhos em três casos marrons. A agitação da hora do rush moderna continuava, como se o trabalho exercesse uma força de magnetismo. O céu azul já se acinzentava uma chuva estava a caminho. No meio da correria, um carro parou-se e dele saiu o motorista. Meu deus! Meu deus! Eu não consigo ver direito... As cores do sinal. A perda gerou o pânico e com ele a vontade de socorrer. Espera, eu te ajudo. Qual é o seu carro? É o verde. Não há carros verdes. A primeira lágrima escorreu a enchente viria com a chuva. Merda, merda. Era prata quando eu comprei eu não me lembro. Estou confuso. Eu te levo para casa. Moro num apartamento. Qual a diferença. Ponto final. Onde estão os travessões. Ponto de interrogação. E as outras marcações gramaticais


Parágrafo. O homem do casaco marrom (ou seria cinza? Ele nunca mais se lembraria) entrou no carro do homem de chapéu, que lhe levou até seu apartamento. No caminho outras pessoas podiam ser escutadas olhando para as árvores e se questionando o porquê delas estarem azuis. Eles não estariam sozinhos quando a humanidade sucumbisse por ter relacionado tantas coisas importantes a um sistema baseado em cores. Vire à direita aqui. À esquerda aqui. Siga em frente após essa padaria laranja. Que padaria? Eu não vou conseguir viver assim. O carro parou e um ponto final desapareceu


Subiram as escadas. Eu vou vomitar. Estou confuso. A falta de travessões e correções pontuais não está ajudando. Chama-se expressão artística Bem, essa expressão artística incomoda depois de um tempo. E deixe minhas falas em preto. Qual será a cor de Deus? Talvez ele não precise de cores.


Obrigado pela carona. Tchau. Tchau. Puta que pariu meu relógio está verde, comigo também não!


John Dalton, primeira vítima do Daltonismo, após tirar a primeira foto a cores do mundo

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2 comentários:

João G. Viana/Pudim disse...

Wins, fatality

Nós mesmos disse...

Cara, meus parabéns...
Seus textos são absolutamente geniais, absurdamente geniais...
Essa paródia de Ensaio Sobre a Cegueia é indescritível... parabéns, continue postando!

Tuma