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sábado, 15 de novembro de 2008

Para ler escutando "Time" do Pink Floyd

por David Gilmour, Nick Mason, Roger Waters, Richard Wright, Salvador Dalí e Alguém Pretensioso




I- Você está num deserto existencial, a cada lado que olha apenas vê a areia de ampulhetas esquecidas. Nada se escuta além dos sons do vazio, acariciando seus ouvidos. Você não se move, o ambiente, como sempre, vem até a sua figura e, com ele, o tique de dezenas de relógios, no horizonte. O tempo derrete, a hora está chegando. O gotejamento não é audível, pois por cima há o ensurdecedor som de despertadores, sincronizados, embora você não saiba quem os cronometrou. Aquele antigo carinho se perde e, agora, vira um ataque direcionado aos seus ouvidos, que persistem. Seus olhos são atingidos de leve por uma quantidade de areia levada pelo vento e se fecham, lacrimejando. Os batimentos de seu coração se igualam aos dos ponteiros, embora cada segundo ganho por eles é um roubado de seu presente agora passado. Você se questiona se você pode arcar com tal desperdício, do jeito que as coisas vão indo.

Tudo que lhe resta é observar enquanto suas memórias se fragmentam e pingam nas areias do tempo, se enlamaçando, e você se preocupa, pois só consegue reconhecer algumas delas. Casualmente, elas se solidificarão, entrepostas a outras e, depois, estarão fora de seu alcance, para sempre perdidas. Se apenas você pudesse se mover...

Tudo que lhe resta é observar enquanto suas memórias se fragmentam e pingam no pó do tempo, se enlamaçando, e você se preocupa por só conseguir reconhecer algumas delas. Eventualmente, elas se solidificarão, entrepostas a outras e, depois, estarão fora de seu alcance, para sempre perdidas. Aquele peixe não parecia estar lá da última vez. Se apenas você pudesse se mover...

Tudo que lhe resta é observar enquanto suas memórias se fragmentam e pingam no do tempo, se enlamaçando, e você se preocupa por só conseguir reconhecer algumas delas. Eventualmente, elas se solidificarão, entrepostas a outras e, depois, estarão fora de seu alcance, para sempre perdidas.Aquele peixe não parecia estar lá da última vez. Se apenas você pudesse se mover...

Seus olhos se abrem, e você se encontra sentado, como sempre, na mesma cadeira, à frente da janela da cozinha, observando o vídeo em loop contínuo que chamam de natureza. Folhas caem da árvore que você observa e são levadas ao vento, como se aquela pudesse arcar com tal desperdício. Uma chuva leve cai, mas parece desnecessária, apenas cumprindo seu itinerário inglês. O nome “Glória” flutua por sua mente, mas, nesses dias, não significa muita coisa. Em outra época, talvez...Mas num piscar de olhos, ela se passou. E Glória também.

II- ...ticking away the moments that make up a dull day

You fritter and waste the hours in an offhand way

O tedioso e pertinente tique do relógio da cozinha lhe remete para onde você estava anteriormente. Dessa vez, uma adaga está em suas mãos. E os relógios à sua frente, puxando vagarosamente sua vida em suas direções antes que você decida aonde quer levá-la. Sem olhos, eles te encaram. Com olhos, você remete a ameaça...

...there is time to kill today

Não foi uma luta justa. Jovem e saudável, você nem precisava da adaga. Mas certamente gostou de usá-la. Nunca mais os sons lhe enganarão e te machucarão. Nunca flutua em sua mente e se apega a uma emoção. A areia começa a desaparecer como se um buraco na terra a puxasse, mas você não se importa para onde ela vai.

Os olhos se abrem novamente. Suas artérias doem. Sua pele está mais enrugada, e você ainda está sentado. “Ainda” flutua na sua mente e batalha com “Nunca” por aquele pedaço de existência, embora não haja vencedores, apenas tempo perdido. Você se lembra do carinho que recebera nos ouvidos. Você se lembra do ataque e de toda aquela areia...E se questiona sobre onde Glória poderia estar agora. Sua forma parece ter se confundido com a da cadeira, com o passar encurtado dos anos. Seu cabelo começa a virar pó e, como num sopro de um garoto numa dama-de-leão, ele é levado para eternidade pelos ventos igualmente jovens. As folhas daquela árvore são levadas pelo mesmo vento, pois ela pode arcar com tal desperdício.

III- ...The sun is the same, in a relative way, but you’re older

Então, era para aqui que tudo levaria. Ou não levaria, você presume. Agora, você tem de levantar-se. Mas não consegue. O tempo todo o relógio estava dentro de você, numa contagem regressiva. Com toda sua capacidade, você fecha os olhos de novo...

...quiet desperation is the english way


Por sorte, alguém adiantou novamente os relógios. Por sorte, você nunca precisa saber a identidade do seu, nem por quanto tempo mais ele será.

Thought I had something more to say

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IV- Home, home again
I like to be here when I can

And when I come home cold and tired
Its good to warm my bones beside the fire

Far away across the field

The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells
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Um comentário:

Mônadas de Leibniz disse...

faustini,esse foi pra valer
sentenças rápidas,conclusão de idéias.