
Foto: Bruna Pimenta
por Tuma
A nulidade de sua visão foi se alumiando aos trancos. Escuro, muita luz, borrão, sombras: três imagens na luz pálida da quase-noite. Debruçado sobre ele, o Tolo, um rapaz magro e comprido, vestindo roupas cinzas, dava tapinhas leves em sua cara.
Atrás dele, tapando quase completamente a pouca luz do céu, dois homens totalmente diferentes na aparência, mas vestidos de maneira semelhante, observavam o Tolo com olhos sérios. Um era muito gordo e muito baixo, quase completamente careca, olhos miúdos, um bigode vasto. O outro era alto, dois metros talvez, tinha uma volumosa cabeleira, e a cara limpa e ossuda de alguém magro. Vestiam capotes, gravata, e portavam insígnias da polícia municipal de Miranda.
O mais gordo agachou-se ao lado do Tolo e o ajudou a levantar-se. O Tolo agarrou-se ao seu pescoço e deixou-se puxar. Ao postar-se em pé, tossiu forte e cambaleou, e o gordo teve de apoiá-lo. Finalmente, as coisas pararam de girar, as pernas se firmaram, e o Tolo percebeu que a noite já era total e as luzes dos postes da praça se haviam acendido.
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