
Foto: Bruna Pimenta
por Tuma
Nem o vento nem o capim responderam à pergunta. Da montanha de aço que um dia fora dois carros, emanava um cheiro ruim. Ainda cambaleando, João se aproximou do carro de onde acabara de sair, curvou-se um pouco, e olhou para dentro. Esmagado contra o volante, o corpo de um homem grande estava coberto de sangue. O rosto de João se contorceu, e ele se afastou. Nem se deu ao trabalho de olhar no outro carro. Afastou-se de ambos, saiu do asfalto, e subiu uma pequena elevação que ladeava a rodovia.
Lá de cima, pôde ter uma visão melhor dos arredores. Não via nenhum sinal de ser vivo, bicho ou gente. Somente árvores, pasto, capim, e a estrada, que seguia parecendo infinita. Seus pensamentos, que voltavam pouco a pouco a se organizar, continuavam, entretanto, um pouco confusos. A segunda pergunta que fez, em voz alta, ao vento foi: Qual é meu nome mesmo?, e logo depois, repetiu a primeira: Onde eu estou?, e encadeou em seguida as de praxe, desta vez para si mesmo, em pensamentos: Quem é o homem no carro? Como aconteceu esse acidente? E, mais importante: O que diabos eu estou fazendo aqui?
Após as perguntas, desceu a ladeira e começou a se afastar dos carros. Foi caminhando, na direção do sol, para um lugar qualquer que não sabia, deixando sua sombra para trás, fraco mas, de certa maneira, confiante, sem medo de seguir por aquele caminho, aonde quer que ele o levasse.
.
Um comentário:
Putz, agora o cara ainda tá com amnésia!?
Postar um comentário