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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Através do espelho obscuro, capítulo 13


Foto: Bruna Pimenta

por Tuma

Antes que pudesse entender o que acontecera, João sentiu uma imensa dor. Perpassava todo o seu corpo, um frêmito de angústia que ressoava nos seus ossos, nos seus músculos, no ar que respirava. Cada célula de seu corpo pulsava de dor, e um gemido longo e baixo escapou de seus lábios.

Demorou para concatenar impulsos elétricos em algum pensamento. Mas assim que sua visão turvada clareou, percebeu o que havia acontecido. Com enorme esforço, conseguiu se mexer um pouco. Seus braços e suas pernas respondiam aos comandos do cérebro. Estendeu a mão esquerda para retirar o cinto, e viu que seus dedos estavam quebrados. Em meio a tantas outras dores, não percebera. Já insensibilizado, entretanto, conseguiu se livrar do cinto, e o corpo desabou alguns centímetros para frente.

Tentou abrir a porta, mas seu esforço não surtiu efeito. Mordendo os lábios, arrastou o corpo para o lado e começou a usá-lo para forçar o emaranhado de metal retorcido e vidro quebrado que o separava da claridade do dia. Tentou reunir toda a força de seus músculos amortecidos e tendões estirados, mas a porta só se moveu um pouco para fora. Quase chorando de dor, parou um instante. Respirou profundamente, e então, com a ajuda dos pés, jogou o corpo contra a porta, enquanto arrancava das entranhas um grito sobrenatural de ódio e desespero.

A porta cedeu, e o corpo, esgotado, caiu no asfalto. João estendeu os braços para baixo, e se arrastou para longe do carro. Depois, deixou-se cair novamente de costas. Ficou ali, deitado, olhando para o céu azul irreal de nuvens pintadas. Após um longo tempo, em que não se ouviu nada por muitos quilômetros ao redor, João, já com a respiração calma, levantou-se. Espanou a poeira e os cacos de vidro da roupa, examinou o corpo em busca de feridas, e descobriu sangue duro nos cabelos. Não sentia mais muita dor, porém. Aprumou-se, e, com um olhar inquiridor ao redor, perguntou a si mesmo, em voz alta:

- Onde eu estou?
.

2 comentários:

João G. Viana/Pudim disse...

Uaaaaaaaaaaaaau! Você está se superando a cada capítulo!

Anônimo disse...

brilhante... []'s