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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Como ser chato nas refeições.

Foto por Guilherme Carnaúba



por Stefano Manzolli.

Outro dia, numa churrascaria, minha alface mexeu. Achei estranho, tentei acreditar que era uma miragem, um truque estranho do meu cérebro. Cogitei comer outra colherada de maionese, quando a alface mexeu de novo. "Não, não pode ser. Comigo, não!", queria afastar a idéia de haver vida debaixo da folha verde. Devolvi a garfada farta de maionese ao prato e, com uma coragem absurda, removi a folha verde de seu lugar.

- Mãe, tem um bicho na minha salada.

Era verde, comprido e olhava-me com um ar sarcástico. Depois de poucos segundos de reconhecimento, voltou a devorar a minha comida, a salada que poderia estar dentro da minha boca. Às vezes, me pergunto o que é pior: uma lagarta brincando no meu prato, ou um cabelo (não importa a cor, formato e tamanho) penetrado na minha sopa, no meu bife, no meu salgado da cantina?

Acredite, outro dia havia um pêlo no meu pão-de-queijo, mas a atendente recusou-se a trocar. "Você que colocou esse cabelo aí, pára de graça". Quer dizer, a higiene do estabelecimento é péssima, mas quem leva a culpa sou eu? Vá lá, até tenho culpa. Culpa de gastar o meu dinheiro com esse tipo de lugar.

Pode-se perceber que comigo não há meio-termo: ou vem limpo, ou peço para trocar. Na verdade, não tenho nojo - por diversas vezes ignorei cabelos no caldo do feijão (quando estou almoçando na casa de algum amigo). O sentimento que me dá é revolta: eu pago e tenho que saborear um fio de cabelo, um lagarta, um cílio, uma unha na minha comida?

Agora, imagine uma cena:

O garçom toma ares de semi-deus, enquanto carrega a sua sopa de mandioquinha e couve caseiras na bandeja prateada. Você observa o prato vindo, imagina as colheradas fartas de caldo amarelo inundando sua boca, o cheiro de casa de avó que a sopa exala. A cada passo do garçom, seu coração pulsa mais rápido e descompassado. Você tem vontade de levantar e, num ato animalesco, devorar o manancial cor-de-verão. Quando ele chega na sua mesa, "De quem é esse delicioso creme de mandioquinha e couve?". Você olha aflito para o prato, "É meu, moço, é meu! É meu!". O garçom observa sua atitude afoita e, com todo cuidado do mundo, COLOCA O DEDO, sem-querer, NA SUA SOPA. "Desculpa", ele diz,"o prato estava muito cheio". E, com passos apressados e um sorriso bem mais amarelo que a superfície de sua refeição, vai embora. Sua reação é xingar todos os seus colegas de almoço e, depois da raiva, mastigar pedaços de couve.

Conclusão: um mero dedo na comida acaba com sua refeição.

E talheres? Uma vez, fui com uns amigos num desses restaurantes caros e com pouca comida, os quais seguem o estilo Pubs Americanos. Quando o garçom trouxe os pratos e talheres, pressenti que haveria algo errado. Dito e feito: havia chocolate no meu garfo. Oba, eu comeria batata-frita, hambúrguer e chocolate - uma combinação perfeita para liberar o intestino. Nesse tipo de situação, acabo questionando as condutas higiênicas do local:

Será que eles reutilizam os guardanapos que parecem limpos? Será que eles não confundem seu copo com o de outras pessoas, quando pedimos refil? Será que usam luvas? Será, será, será, será?

Eu sei que você pode entrar para inspecionar a cozinha, mas eu prefiro ser um simples consumidor mortal que não se importa com esse tipo de coisa. Pense bem, vai que você entra lá e depara-se com uma cena inusitada: um espirro, um 'resgate', uma coçada de cabelo! Como muitos dizem: "Existem restaurantes bons e restaurantes ruins, mas na cozinha de ambos acontecem coisas que deixariam você com bolo no estômago". Tá, ninguém diz isso - eu acabei de inventar -, mas é a pura verdade!

Mas quer saber? Enquanto o meu PF vier sem cabelo; o meu hambúrguer, sem surpresas; a minha salada de tomates secos holandeses, queijo magro de cabra e torradas francesas, sem lagartas; eu estou comendo e não quero nem saber por onde passaram as mãos dos cozinheiros. Pois, se a gente ficar olhando com olhos críticos para esse ou aquele detalhezinho da comida, vamos acabar enclausurados em casa nas horas de refeição - comendo apenas o que preparamos, a partir de nossos cultivos próprios. Afinal, comida pronta e enlatados também podem conter cabelos, pregos e sapos! (clique aqui)

Se vocês querem saber, naquele dia, enquanto o inseto verde devorava minha salada, decidi ignorá-lo, jogá-lo no chão e comer apenas o arroz-com-feijão, carne, farofa, polenta e queijo coalho. Poxa, eu estava com fome!

6 comentários:

Monica disse...

Mais uma vez, perfeito!

João G. Viana/Pudim disse...

Nunca passei por uma experiência dessas, mas acho que ignoraria...
Ótimo texto, Stéfano. Tão redundante quanto esse período possa parecer.

Anônimo disse...

Queee nooojoo!!! O pior é que é verdade. xP Porque se a gente for ligar pra tudo isso não come!




Naty Z.U.

Anônimo disse...

Eu gostei muito, já aconteceu comigo de ir num restaurante e vir cabelo e tudo do gênero dentro do prato mandei cancelar o pedido e saí do restaurante afinal ou vem direito ou não vem nada.

Anônimo disse...

"Afinal, comida pronta e enlatados também podem conter cabelos, pregos e sapos!"

Vide: http://shitbrix.com/mindfuck/171-mystery-salad-ingredient

=)

Érico
Anglo Americana

Nós mesmos disse...

UHSDUISAHDSAUHI

Sapo na verdura é novo pra mim :)


valeeu pela contribuição, Érico!

Abraço,
Tefo Manzolli :)