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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Através do espelho obscuro, capítulo 11


Foto: Guilherme Carnaúba

por Tuma

No último dia de sua vida, Eliott Hartman acordou cedo. Só costumava abrir sua loja e o posto às dez da manhã, mas naquele dia marcara um compromisso mais cedo. Saiu de sua casa em Miranda e às sete horas já estava esperando os visitantes dentro da loja de conveniência.

Eles chegaram por volta das oito e meia, com meia hora de atraso. Eram três funcionários da Utilidades Heisenberg, e vestiam os uniformes padrão dos operários da fábrica: macacões pretos e bonés vermelhos. Naquele dia, porém, levavam junto a si também grandes óculos escuros, item pouco comum de ser visto com gente daquela espécie.

Tinham um recado para Eliott: um homem chegaria ao posto naquele dia, com algo que eles queriam. Os três ficariam a espreita, e, quando a oportunidade surgisse, levariam essa coisa. Desejavam a colaboração de Eliott, a qual foi dada de bom grado, em troca de algumas notas vultosas de dinheiro.

Quando o homem chegou, confuso e abalado, ao estabelecimento dele, Eliott o recebeu bem e atendeu aos seus pedidos. Pouco depois, os três funcionários da Utilidades Heisenberg invadiam o carro do homem e o levavam embora, para surpresa de Eliott. O que eles poderiam querer com uma caminhonete daquelas? Mas não fez caso. Deixou que o homem descansasse, disse que ligaria para a polícia, e ficou lendo o jornal do dia.

Ainda indeciso se deveria ou não levar seu “hóspede” para a cidade, decidiu pelo sim. Saíram do posto no começo da noite, e foram para a estrada. No meio do caminho, começaram a conversar sobre The Sandmen, e quando questionado a respeito da “canção perdida”, Eliott perdeu a paciência. Ergueu a voz para seu passageiro, bradando tudo aquilo que já ouvira tantas vezes antes, a defesa apaixonada da inexistência de tal canção.

Não viu quando o chevette deslizou para a contramão, e encontrou um outro carro, ambos a cem quilômetros por hora. O choque quebrou sua coluna, e Eliott Hartman morreu sangrando entre as ferragens.
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Um comentário:

João G. Viana/Pudim disse...

Demais, demais, Tuma. Parabéns!