por Pudim
Entrei primeiro. Além da mesa de xadrez, havia na sala um computador, mais convidativo ainda:
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O grupo se dividiu para vasculhar a sala. Apenas Witch e eu permanecemos em torno da mesa de xadrez, observando as peças pretensiosamente posicionadas.
“Um rei e duas torres”, Witch iniciou, “O que isso quer dizer?”
“Isso não é o pior. Veja as peças que não estão em jogo.”
As peças estavam muito bem disfarçadas, mas não existem no xadrez. Uma delas se parecia com uma cômoda. Outra era uma mulher empunhando um cetro em sua milimetricamente esculpida mão esquerda. A terceira era um leão.
“Espere!” Witch exclamou. “Tem alguma coisa na base do rei!” Deduzi que ignorara minha observação.
O apoio redondo do artesanal objeto brilhava sugestivamente. Witch segurou-o firmemente, apertou, girou, e deixou cair a argola quando esta escapou. O anel dourado no chão foi como um vislumbre da solução de todo o mistério.
“O Senhor dos Anéis: As Duas Torres”, pensei em voz alta. A sala voltou os olhos para a dupla no centro.
“As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa”, a líder completou o pensamento, com a voz trêmula de empolgação. Não havia me ignorado. Em seguida, ergueu o círculo dourado e leu o veredicto: “Ano de minha publicação.”
O entusiasmo dos jogadores foi aprisionado por alguns segundos. Deveria referir-se à primeira das séries, já que o anel estava no rei. Até hoje não li sequer um trecho, e então não sabia nada dela. Por sorte, algum Tolkiendili era menos indiferente do que eu, e nos garantiu acesso às informações do computador.
The Inklings foi um grupo informal de discussão sobre literatura associado à
Universidade, na Inglaterra. O grupo, basicamente masculino, como era típico em
seu tempo, era formado por uma maioria de acadêmicos da Universidade.
O grupo
reuniu-se entre 1930 e 1949 aproximadamente.
As reuniões eram costumeiramente às terças-feiras, nas dependências de Lewis, no
Magdalene College, de lá.
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“Ah, então essa era a relação entre C. S. Lewis e J. R. R. Tolkien”, observou Kevin. “O texto não menciona o nome da Universidade. João, onde eles estudaram?” perguntou, voltando-se para um membro da Alcatéia.
O companheiro de equipe era o que estava sentado no computador, e nossa salvação em perguntas sobre os escritores. Quando terminou de digitar “Oxford”, a tela piscou por algum tempo. A ampulheta então se transformou no cursor normal, a sigla PV. Revelou-se diante dos quinze exploradores mais um entre tantos documentos intrigantes.
Foto: Guilherme Carnaúba
Um comentário:
Eita, a coisa tá cada vez melhor.
Será que no palácio vitral eles falam quenya?
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